No Face

08/10/2013

Quando a gente é criança: uma reflexão da maturidade.

Quando a gente é criança, o que vem na cabeça é ser grande. Dirigir, sair com os amigos, viajar, sair de salto alto. O que mais frequenta a nossa imaginação é a típica imagem de cinema, que eu não sei de qual filme pertence: um carro conversível vermelho, ou um esporte, vidros abertos, vento no cabelo, batom. Mas o batom é quase o protagonista, significa o “ser mulher”, independente, forte, que não está nem aí pra ninguém. É mais ou menos isso que vinha à minha mente fértil.


Daí você chega nos 18 e não entende o que está acontecendo, você ainda assiste aos desenhos animados dos anos 80 e se comove, ainda dá risada do Chaves ou do Chapolin Colorado. Você ainda escuta a mesma banda melancólica que representava sua rebeldia. Ué, o que está acontecendo? Nada ainda, 18 é muito pouco, com 21 isso muda.
Não muda. Pode até ser que você seja uma engenheira química, ou professora. Você ainda acha fofo ter ursinhos de pelúcia. Nem venha me dizer que isso é coisa de mulher. Não é, não. Os filmes da Disney ainda de comovem. Aceite, você já tentou fazer o topete da Ariel. Já procurou buraco numa mata e um coelho branco com relógio. Todo mundo sabe que você já tentou deixar o cabelo crescer pra ficar igual ao da Rapunzel. Pior ainda, você gosta do Nemo, mas concorda que nada se compara aos bichinhos fofos da floresta da Branca de Neve. Assuma, mulher!


É o primeiro passo. Bem, mas se você já chegou aos 25, como eu, é uma retardatária. E o pior: ainda não se desvencilhou de nada disso. O lado bom é que se você assumir, a cura é certa! Tem cura? Tem, claro. Pra tudo. Como diria minha diva-mãe: “pra tudo se tem um jeito, menos pra morte”. Você pode sair desse estado patológico de “Infantilidade crônica”. Basta começar mudando de atitude. Pra algumas garotas será mais difícil. Pra mim, por exemplo, será um martírio. Sou péssima em sistematizar ações, mas ainda há salvação!
Aos 25 não é mais permitido ser tão assim, digamos, “alegrinha?” “esquisita?” “antissocial?”. Não estou sabendo definir. Porém, todavia, entretanto, eu tenho certeza que algumas de vocês que estão lendo isso já se sentiram assim. Não me julguem. Só quero um lugarzinho ao sol. Nem que seja ao lado de uma lagartixa verde! Poxa, quem pensaria em coisa mais estranha? Alguém se habilita? Bom, sinta-se à vontade pra pensar em qualquer coisa exótica, afinal, já coloquei tudo pra fora mesmo. Não tem problema.


O caso é que aos 25 era pra ser como? Eu não parei de achar graça em programas bobos e, muito menos, tenho um conversível. Tenho um emprego. No mínimo estou graduada. Fazendo pós e cheia de projetos pra ontem que só podem ser realizados daqui uns anos...paciência! E você? Está na mesma que eu? Está se sentindo culpada? Chora não. Estamos juntas. Apesar de não te conhecer, almas diferentes sempre sabem as dores de sermos o que somos. Melhor jogar a toalha! Assumo a não-conquista do conversível e do amadurecimento da infantilidade patológica. Não é tão ruim se a gente aceita. Lembra? É o primeiro passo!
Quer saber? Pra quê mudar? Mudar o quê? Está errado? Penso que não! Não estar encaixada em um estereótipo psicológico comum não é ruim quando se sabe o que se é. O por quê não dá pra entender, o como, tampouco. Que seja o que se é. Esse final é o mais importante, repito: que seja o que se é!


E dá pra ser o que não é? Dar, não dá. Dá pra fingir ser o que não se é. Complicadinho, não? Melhor assumir o fato de não ser o que se poderia ser e ser apenas o que se é e seguir a vida o sendo...Acho que algo tão complexo assim, só depois de ter passado pelos livros do Harry Potter e, aos 25, já leu, mas a fase não passou. Poxa, concorda comigo que é legal a história. A fase não precisa passar. Não estamos em um jogo. Não tenho várias vidas, nem ganho moedas batendo a cabeça em cogumelos. É bem mais difícil que isso.
Estou começando a sintetizar toda a baboseira dos parágrafos anteriores. Não passei de fase, nem subi de nível. Foi uma sintetização do passado e acúmulo de experiências. E experiências diferentes são vividas dia após dia. Então o nosso cérebro vai se adaptando e organizando momentos para solução de problemas futuros...interessante constatação, porém óbvia!


Mas obviedade não é algo ruim. É semelhante a quando analisamos uma obra de arte bem simplificada. Citemos Mondrian. Ele só pegou quadrados e retângulos e os sobrepôs. Bobo? Óbvio? Simples? Pode ser, mas ele fez sucesso, por que outra pessoa não pensou em algo assim antes dele? Destratou o óbvio.

Esta aí o que eu queria explicar: o óbvio. O que fazer quando o que se é se parece com o que não se deveria ser? Resposta óbvia: Seja!


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